Deixo para trás o Instituto Superior Técnico e começo o meu percurso pelo jardim do Arco do Cego, que um dia foi casa de um terminal de autocarros cinzento e poluído. Talvez por isso seja desvalorizado por muita gente, mas desenganem-se os mais cépticos, porque hoje este espaço alberga um jardim bem agradável, utilizado para pequenos piqueniques, jogar à bola, sestas à hora do almoço ou simplesmente pausas do trabalho.
Continuo a passear pela avenida e vou apercebendo-me da sua riqueza, não só em termos de arquitectura (os prédios do princípio do século passado misturam-se com os mais modernos, nomeadamente com condomínios privados propositadamente discretos), mas principalmente em termos de serviços e comércio.
Passo por estabelecimentos de todo o tipo, boutiques, lojas de decoração, papelarias, restaurantes e cafés, institutos de beleza, oficinas, lavandarias. Passo por sedes de serviços públicos e de empresas privadas. Passo até por um casino. Vejo carros topo de gama a entrar nas garagens.Vou cruzando, primeiro a Avenida da República, depois a Avenida 5 de Outubro.
Sinto o movimento, as pessoas, a vida na cidade, mas claro, é dia de semana, muito diferente deverá ser esta avenida quando o comércio e os serviços fecham as portas, os trabalhadores regressam a casa e o barulho dos carros e dos autocarros dá lugar ao silêncio, para bem de quem cá mora.
E, assim, com todos estes pensamentos e sensações, aproximadamente 1 Km depois, chego aos muros do jardim da Fundação Calouste Gulbenkian. Não revelo que está por trás deles. Isso deixo para outros, ou para outra ocasião.
Estás completamente imbuída do espírito flaneur! Isso é que é entregares-te à cidade! Beijos
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