quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Avenida João Crisóstomo

Inicio o Trilhar Lisboa, num dia de Inverno soalheiro, com a Avenida João Crisóstomo, que começa na freguesia de São João de Deus e acaba na de Nossa Senhora de Fátima e é rematada por dois jardins – do Arco do Cego e da Fundação Calouste Gulbenkian.

Deixo para trás o Instituto Superior Técnico e começo o meu percurso pelo jardim do Arco do Cego, que um dia foi casa de um terminal de autocarros cinzento e poluído. Talvez por isso seja desvalorizado por muita gente, mas desenganem-se os mais cépticos, porque hoje este espaço alberga um jardim bem agradável, utilizado para pequenos piqueniques, jogar à bola, sestas à hora do almoço ou simplesmente pausas do trabalho.

Continuo a passear pela avenida e vou apercebendo-me da sua riqueza, não só em termos de arquitectura (os prédios do princípio do século passado misturam-se com os mais modernos, nomeadamente com condomínios privados propositadamente discretos), mas principalmente em termos de serviços e comércio.

Passo por estabelecimentos de todo o tipo, boutiques, lojas de decoração, papelarias, restaurantes e cafés, institutos de beleza, oficinas, lavandarias. Passo por sedes de serviços públicos e de empresas privadas. Passo até por um casino. Vejo carros topo de gama a entrar nas garagens.

Vou cruzando, primeiro a Avenida da República, depois a Avenida 5 de Outubro.

Sinto o movimento, as pessoas, a vida na cidade, mas claro, é dia de semana, muito diferente deverá ser esta avenida quando o comércio e os serviços fecham as portas, os trabalhadores regressam a casa e o barulho dos carros e dos autocarros dá lugar ao silêncio, para bem de quem cá mora.

E, assim, com todos estes pensamentos e sensações, aproximadamente 1 Km depois, chego aos muros do jardim da Fundação Calouste Gulbenkian. Não revelo que está por trás deles. Isso deixo para outros, ou para outra ocasião.

Praça das Flores

1. Esta é a minha primeira Praça das Flores: a vista de quem chega descendo a rua Marcos Portugal. Apesar de já conhecer a Praça antes, foi quando vivi na Rua Tenente Raul Cascais (a do Teatro da Cornucópia), que pude passar a viver a Praça das Flores. Ora, a minha porta de entrada era exactamente o que esta fotografia mostra. Além disso contém dois bons pormenores: o símbolo do restaurante Porco Preto - que é óptimo (embora, tecnicamente, ainda esteja na rua Marcos Portugal) - e a placa do Largo Agostinho da Silva, um dos meus autores preferidos.




2. Tirando os carros há duas coisas que gosto muito nesta fotografia: o quiosque, que em breve será reaberto para um projecto de Catarina Portas, onde venderá refrescos e comidas típicas de Lisboa, como sandes de queijo com marmelada (!); e a confluência dos dois lados da Praça em que pode passar carros. Neste local, já no cruzamento com a rua de São Marçal e no início da rua da Palmeira, conseguimos ver a Praça das Flores como uma bifurcação, que tanto pode ser sinal de separação - cada um para seu lado - como, para os mais indecisos pode ser uma boa desculpa para não ter que escolher e ir a direito, pela Praça dentro. Não é uma má hipótese: ao fundo no Pão de Canela, os queques de mação são um segredo famoso (passe o paradoxo). Embora eu prefira os Jesuítas. Quando há.





3. O Jardim da Praça das Flores tem um nome esquecido: Fialho de Almeida. Não sei como se foi perdendo este nome mas creio que é tempo de relembrá-lo. Afinal o autor do País das Uvas doou à cidade este belo jardim. Além disso é um emérito filho de Vila de Frades, no concelho da Vidigueira, região de onde é a minha família paterna.


4. A maior parte da Praça das Flores consigo ver da minha janela. Além disso, esta foi a primeira foto que tirei a pensar no Trilhar Lisboa. Tem ainda o travo especial de ali pelo meio estar a minha fiel vespa.




5. Ao entramos na Praça, vindos da Marcos Portugal, deparamo-nos com a esplanada do Flor de Sal, à direita (e pode notar-se, por cima, a placa do Porco Preto), e ao fundo pode ver-se a esplanada do Pão de Canela, essa verdadeira instituição da Praça das Flores.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Trilhar Lisboa, o início

O Trilhar Lisboa começa hoje. A minha ideia, para a qual estão todos convidados, é mapear Lisboa da melhor forma possível: andando nela, fotografando-a, filmando-a, escrevendo sobre ela. Deixando-a inspirar-nos. Sem stresses e sem pressões. Lisboa tem das toponímias mais ricas que conheço. Não se limita às ruas, avenidas e praças. Há também os largos, as travessas, as pracetas, as alamedas, os cunhais, as escadinhas, as calçadas e tenho a certeza que me estou a esquecer de algumas. Um dos objectivos do Trilhar Lisboa é que não deixemos escapar nenhum destes nomes que fazem de artérias de Lisboa. Por isso para cada um deles a ideia é juntar fotografias tiradas por nós e histórias, que podem ser tudo desde a experiência do dia em que tirámos as fotografias, passando por curiosidades históricas até um simples poema.

Como é que vamos fazer isto? Bem, para já existe este blog. Mas também um grupo no Facebook, uma conta no Panoramio e um grupo no Googlegroups. Eu e a restante equipa (que vai sendo divulgado, na medida em que neste momento sou só eu...) vamos garantindo que todas as fotografias e histórias que forem colocadas numa plataforma serão tranferidas para as outras.

O céu de Lisboa, com o chão por baixo, é o limite!

Venham daí Trilhar Lisboa!